Ela aprendeu a tocar sax, ele passou a usar relógio. Ela descobriu seu gosto por anéis e echarpes; ele, por ternos e livros. Ela era nascente liberdade em sua bicicleta; ele, um rei que tudo dominava de sua casa na árvore.
Ela deixou de ser mãe de todos; ele, enfim, aceitou-se como pai de muitos. Fez-se escritora receitando beijos em comprimidos e, ele, poeta que tudo coloria com seu lápis cinza. Ela fez-se da corte mesmo estando entre pobres clãs; ele, no maior de todos os reinos, tornou-se um rústico pastor.
Ela agora era menos assertiva; ele, não mais condescendente.
Era assim todo dia. Despedida dentro em si, leve aceno no apertar das mãos. Viam-se em vultos nos bosques, lembravam-se com outros amigos e comentavam as mesmas cenas, ainda que em diferentes cinemas. Notavam as mesmas crianças nos parques, pediam o mesmo café, ainda que não mais na mesma mesa. Manuscrito invadido por outra caligrafia, semântica de uma língua na sintaxe de outra saliva. Era o inevitável perceber-se em traços do rosto alheio, ainda que em outros espelhos.
Uma despedida em vago encontro, a matéria em corpo algum, uma subtração que acrescera, luto feito em dores de parto. A cada março, menos pessoais; a cada dezembro, ainda mais amantes.
Ela fugiu para crer que nunca antes havia se encontrado. Ele tudo perdeu para perceber que nada lhe pertenceu. Juntos jamais chegariam a ser um; separados foram plenamente inteiros. Dois.
João Romova
Heart Stones | Aquarela de Sandra Ovono
“Juntos jamais chegariam a ser um; separados foram plenamente inteiros. Dois.”
Após um bom tempo por aqui, resolvi levar isso pra lá.
Aterriza, quando quiser, por lá, seu moço. A menina-flor saiu colorindo, terminou por salpicar algumas de suas aquarelas em mim. Só fui a tela.
Mais um bom encontro!
Um beijo!
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Nunca se leu um Romova numa narrativa tão veloz, numa tocada quase jazzística.
;D
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João, me perdoa pelas palavras ditas nesse momento. E já peço desculpas de antemão porque nada vai descrever melhor o que senti do que essas palavras.
“Juntos jamais chegariam a ser um; separados foram plenamente inteiros. Dois.”
PUTA QUE PARIU!
Beeejo!
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Entre tais vírgulas tive uma mansa taquicardia de neurônios…
É como se eles, assim, identificados só por pronomes, pudessem sair direto da tua janela pra minha.
Narrar qualquer um o faz. Mas tecer, nascente e foz, nascente-foz, como tu fazes é difícil.
Me entre-terneceu teu lápis.
Aquarelas, quase em sépia, me permita, plasmaste.
Até.
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Ahh, olá você!
Gostei daqui, se você viu lá no meu blog, há um conto com o mesmo título, só que narra a trama de uma pessoa dupla, e aqui são duas pessoas unas. Bom, bom! Gostei, mais uma vez.
Até a próxima.
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Estou há alguns dias flertando com suas palavras, tão boas … devo confessar que vim retribuir sua visita e fiquei. Levo seu link comigo para voltar sempre. Posso? Já que quase não conseguiu tirar os olhos da janela, retribuo deixando meu coração palpitar por aqui, olho por olho, coração por coração (risos!)
beijos da janela
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A única palavra que saiu da minha minha mente e boca foi: PUTZ!!!! (vc, entende né!..rsrs) A propósito: apareci…rsrs
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Durante todo o texto, eu pensava: “eu já escrevi isso. Eu já escrevi isso.” E, João, eu já escrevi isso! Porque eu me vi na tua escrita. Vi uma escrita tão semelhante à minha, que eu não sei como explicar. Comunhão. Uma parte de mim dentro de você. Você em mim. Vendo ele. Eu sendo ela. Uma confusão tão descomplicada…
Tudo, tudo o que o meu momento é, tá aí, exposto.
Eu já escrevi isso.
Um beijo é teu. E hoje, teu mundo foi meu.
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Nossa, que presente que foi achar esse cantinho. Nossa, e como você escreve/descreve bem!
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CLARA
Jaya tem dessas coisas… e leve o que quiser
IMPREVISÍVEL
Que música seria esse texto?
GLAU
Perdoada está… porque eu ri horas com esse teu comentário!
PAULO
Rapaz do céu…
CLARICE
Fique a vontade… (beijos de debaixo da janela)
D. GERTRUDES
entendo… e que bom que voltaste ao lugar que é teu!
JAYA
E eu já não gritei isso te lendo?
JAQUE
Fui lá em teu canto… a propaganda não foi falsa! heehe, bompramim!
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Eu queria ler mais. Queria ler tudo aquilo que o João pensou e acabou não escrevendo, e o caminho até que cada frase ficasse pronta… gostei… e concordo com a GLAU
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João, João….que palavras doces…que doce maturidade…
sou realmente grata pq vc as compartilhou conosco!
beijos!
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Enquanto lia, eu vi o caminhar dos dois em cada mudança, cada distância, cada aconchego, cada quentura que a saudade trazia. É uma despedida e dois encontros. Retirar-se do outro, derramar-se no outro, achar-se em si. Triste ver que ambas as vidas continuam no outro, como um órgão doado, uma história doada, um pedaço de caminho que mesclou na vida de um outro alguém. Alegre sair inteiro – e,maior – dessa amálgama. Estranho não sair pequeno, sem rumo, meio misturado, meio perdido, meio com saudades. O frio começa a estalar, o calor é insuportável, a comida sem graça. É novo ser um, mesmo sendo dois. É antigo ser dois, mesmo sendo um. E, foi nessa dança de misturas, que o seu texto me fez dançar. Eu sempre danço. Seus grafites sempre músicas são.
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Tá na hora de texto novooooooooooooo! Rs.
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Jaya, sou tão lento escrevendo como minha avó fazendo tapioca. O resultado é agradável, mas se apressar, a receita “desanda” heheeh…
Meu ritmo segue mais ou menos esse compasso (segunda-sim, segunda-não… ou seja, próxima segunda-feira tem tapioca nova!)
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Perfeito.
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A Ana não tem nada a dizer, além de, se eles inteiros precisam estar separados.
Então suas metades são completas.
Lindo demais viu João?
Realmente lindo.
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Eu também cansei de ser metade.
Lindo aqui, beijos!
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Texto simples e profundo, que expica que duas vidas nem sempre se tornam uma, mas uma muitas vezes se tornam duas… Mudanças, mudanças, todos os dias nos tornamos alguém diferente.
Como sempre você escrevendo com grande profundidade e suavidade.
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João (do sol!), cheguei cedo para tomar café com tapioca … fiquei com fome! (risos!) Volto para o lance!
beijos da janela
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