Eu não sei bem quando levantei a bandeira branca, encardida e surrada. Tal qual a mim, cambaleante. Um tiro no ombro e eu sendo resoluto em passos vacilantes. Não houve gemidos, mas encostei onde pude. Faminto de flores e matando a sede com espinhos. Bebi o restante da água e lembrei da paz que tem quem encontra repouso. Ser peregrino tem destas coisas, esta cortante dor de não ser lugar, de não lembrar os motivos das bagagens deixadas para trás.
Imaginei a fraqueza dos gigantes e a vilania dos maltrapilhos. Abri os olhos, vi borboletas; senti o abraço das estrelas. E, assim, cercado de palavras, fiz-me desapego. Resolvi esperar a noite chegar ao fim de olhos fechados ouvindo a sabedoria silente do meu pai, é da quase morte que nascem os homens fortes.
João Romova
Stars in your Eyes | Aquarela de Amanda Brown
Tá tudo tão diferente aqui na tua casa que não sabia nem onde poderia sentar.
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